domingo, 27 de fevereiro de 2011

NOTÍCIAS DO PLANO ESPIRITUAL - Carta de Bezerra de Menezes


Caríssimos amigos,
Muito se tem estudado sobre a evolução da Terra na escala hierárquica dos mundos, sendo apregoado, a todo canto, o estabelecimento do status de mundo de regeneração. Até agora tínhamos a certeza de que tal mudança, de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração, era algo que vinha se ocorrendo ao longo dos últimos séculos.
Não havia notícias mais concretas sobre a efetivação deste grau no orbe terrestre.
Em reunião ocorrida no Plano Espiritual, em data de 18 de Abril de 2010, em região próxima à terra (temos notícia de que se trata de uma cidade espiritual localizada acima de Brasília), as mais altas autoridades encarregadas da governança do nosso querido planeta, sob a orientação de Jesus, anunciaram o início da ERA DO ESPÍRITO.
Ismael, falando em nome de Cristo, noticiou Seus planos específicos para a cristianização dos homens e o estabelecimento deste novo momento do planeta, qual seja, a efetiva progressão de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração.
A carta, que segue no arquivo anexo em formato PDF, da ideia de como serão os próximos cinquenta anos, do que enfrentaremos, de quem vem do plano espiritual e de quem volta para lá.
Não se trata de comunicação a ser lida, mas sim a ser sentida, a ser estudada, meditada. Cada frase contém ensinamentos profundos que nos permitirão compreender as mudanças pelas quais a humanidade vem passando e aquelas que estão por vir, os quais também nos permitirão compreender as catástrofes coletivas que advirão em decorrência do processo de decantação necessário à seleção dos futuros habitantes do planeta.
Enfim, resta-nos elevar ao Alto nossos profundos sentimentos de gratidão e reconhecimento pela permissão de que tenhamos contato com tais notícias, auxiliando-nos na necessária condução de nossas vidas rumo a esta nova era.
Que bênçãos de paz e amor recaiam sobre o “médico dos pobres”, espírito de nobreza ímpar que está, a todo momento, nos auxiliando na fixação dos ideais evolutivos, imprescindíveis a que possamos somar esforços para o efetivo estabelecimento desta nova ordem mundial.
Fraternal abraço a todos.
Osvaldo.
 Brasília, 19 de abril de 2010. Reunião mediúnica no Centro Espírita Internacional
Comunicação psicografada por Divaldo Pereira Franco, de autoria espiritual de Bezerra de Menezes.
Irmãos amigos, devotados obreiros da seara de Jesus! Abraçando-os em nome dos trabalhadores do lado de cá, rogamos ao Mestre Amigo bênçãos de paz para todos.
Os novos tempos em transcurso no plano físico anunciam uma era de transformações necessárias à implementação do processo evolutivo do ser humano. Os dois planos da vida se irmanam e laços de solidariedade se estreitam, tendo em vista os acontecimentos previstos.
Em atendimento aos compromissos firmados por orientadores do Planeta, almas abnegadas se desdobram em atividades, definindo responsabilidades e tarefas a serem desenvolvidas em épocas específicas.
Não longe, porém, nas regiões purgatoriais de sofrimento que assinalam o perfil dos seus habitantes, no mundo espiritual, almas se agitam, movimentam-se, produzindo ruídos e clamores na expectativa de se beneficiarem, de alguma forma, com a programação que o Alto determina.
Desassossegados, temem as mudanças que já lhes foram anunciadas e, por não saberem ainda administrar emoções e desejos, dirigem-se às praças públicas e aos templos religiosos de diferentes interpretações para debaterem e opinarem: ora aceitam os ventos das mudanças, ora se rebelam, posicionando-se contra elas. Nesse processo, influenciam os encarnados que lhes acatam as opiniões vacilantes e, ao mesmo tempo, são por eles influenciados.
O certo é que a Humanidade chegou a um ponto de sua caminhada evolutiva que não mais se lhe permite retrocesso de qualquer natureza. Para os próximos cinqüenta anos já se delineia um planejamento destinado a ser cumprido por uma coletividade de Espíritos que irão conviver com grandes e penosos desafios.
Trata-se de uma população heterogênea constituída de almas esclarecidas e de outras em processo de reajuste espiritual. As primeiras revelam-se iluminadas pelo trabalho desenvolvido na fieira dos séculos, quando adquiriram recursos superiores de inteligência e de moralidade.
Retornam à reencarnação para exercer influência positiva sobre as mentes que se encontram em processo de reparação, necessitadas de iluminação espiritual.
A atual Humanidade será pouco a pouco mesclada por esses dois grupos de Espíritos reencarnantes. Inicialmente na sua terça parte, abrangendo todo o Planeta, depois, dois e três terços. O trânsito entre os dois planos estará significativamente acelerado. Um trânsito de mão dupla, acrescentamos, pois coletividades de encarnados também retornarão à Pátria verdadeira.
Anunciam-se, então, o processo renovador de consciências por meio de provações, algumas acerbas. Uma operação de decantação que visa selecionar os futuros habitantes do Planeta, aqueles que deverão viver os alvores da Era da Regeneração.
A massa humana de sofredores, de Espíritos empedernidos, repetentes de anteriores experiências, retornará à gleba terrestre em cerca de cinqüenta anos, mas os guardiões da Terra estarão a postos, ao lado de cada encarnado ou desencarnado convocando-os à transformação para o bem.
É a era do espírito, anunciada a clarinadas na manhã do dia de ontem, 18 de abril de 2010, no momento em que o sol lançava os seus primeiros raios à Terra. Em região muito próxima ao plano físico, habitantes do Além quase que se fundiram com a humanidade encarnada para, em reunião de luz e vibração amorosa, ouvir o mensageiro de Jesus que lhes traçou as diretrizes de uma nova ordem planetária, que ora começa a se estabelecer.
Ismael falou emocionado para os representantes de todas as nacionalidades, logo após a manifestação clamorosa dos seus patronos e guias. Revelou planos de Jesus relacionados à cristianização dos homens. Ao final da abençoada assembléia, Espíritos valorosos deram-se as mãos, envolvendo o Planeta em suas elevadas vibrações, transformadas em pérolas que caiam do alto sobre os seus habitantes, atingindo-lhes a fronte na forma de serafina luminosidade.
Estejam, pois, atentos para os acontecimentos, meus filhos. Reflitam a respeito do trabalho que se delineia e, do posto de serviço onde se encontrem, sejam, todos e cada um, foco de luz, ponto de apoio.
Ouçam as vozes do céu, pois estão marcados pela luz dos guardiões planetários. Façam a parte que lhes cabem. Sejam bons, honestos, laboriosos, fraternos.
Os dias futuros de lutas e dores assemelham-se aos “ais” apocalípticos. Surgirão aqui, acolá e mais além, implorando pela união, compaixão e misericórdia, individual e coletiva.
Assim, irmãos e amigos, não cometam o equívoco de olhar para trás, mas coloquem as mãos na charrua do Evangelho e sigam adiante.
Não repitam a experiência a mulher de Ló, o patriarca hebreu que, possuidora de fé frágil, olhou para trás em busca dos prazeres perdidos, transformando-se em estátua de sal, desiludida pela aridez das falsas ilusões.
Façam brilhar a própria luz, meus filhos! Este é o clamor do Evangelho, hoje e sempre!...
Bezerra de Menezes

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Reencarnação

Alexandre
Espírito orientador de André Luiz, no plano espiritual
André LuizEspírito que ditou o texto abaixo, por intermédio do médium Chico Xavier


Grande percentagem de reencarnações na Crosta se processa em moldes padronizados para todos, no campo de manifestações puramente evolutivas. Mas outra percentagem não obedece ao mesmo programa. Elevando-se a alma em cultura e conhecimento, e, conseqüentemente, em responsabilidade, o processo_reencarnacionista individual é mais complexo, fugindo à expressão geral, como é lógico. Em vista disso, as colônias espirituais mais elevadas mantêm serviços especiais para a reencarnação de trabalhadores e missionários.
        As explicações eram sedutoras e relevantes e, compreendendo a importância dos esclarecimentos para meu pobre espírito, Alexandre continuou:
        — Quando me refiro a trabalhadores, falo dos companheiros não completamente bons e redimidos, mas daqueles que apresentam maior soma de qualidades superiores, a caminho da vitória plena sobre as condições e manifestações grosseiras da vida. Em geral, como acontece a nós outros, são entidades em débito, mas com valores de boa vontade, perseverança e sinceridade, que lhes outorgam o direito de influir sobre os fatores de sua reencarnação, escapando, de certo modo, ao padrão geral. Claro que nem sempre tais alterações se verificam em condições agradáveis para a experiência futura. Os serviços de retificação representam tarefas enormes.
        E desejando imprimir fortemente em meu espírito a noção da responsabilidade, o instrutor prosseguiu, tornando mais grave a inflexão da voz:
        — O problema da queda é também uma questão de aprendizado e o mal indica posição de desequilíbrio, exigindo restauração e corrigenda. A evolução confere-nos poder, mas gastamos muito tempo, aprendendo a utilizar esse poder harmonicamente. A racionalidade oferece campo seguro aos nossos conhecimentos; entretanto, André, quase todos nós, trabalhadores da Terra, nos demoramos séculos no serviço de iluminação íntima, porque não basta adquirir idéias e possibilidades, é preciso ser responsável, e nem é justo tenhamos tão-somente a informação do raciocínio, mas também a luz do amor. (Ver: Amor e Conhecimento)
        — Daí as lutas sucessivas em continuadas reencarnações da alma! — exclamei, vivamente impressionado.
        — Sim — continuou meu amável interlocutor —, temos necessidade da luta que corrige, renova, restaura e aperfeiçoa. 
  • A reencarnação é o meio, 
  • a educação divina é o fim. 
        Por isso mesmo, a par de milhões de semelhantes nossos que evolvem, existem milhões que se reeducam em determinados setores do sentimento, porquanto, se já possuem certos valores da vida, faltam-lhes outros não menos importantes.
        Identificando-me a dificuldade para compreender-lhe o ensinamento de maneira integral, meu orientador voltou a dizer:
        — O próprio Jesus nos deixou material de pensamento para o assunto em exame, quando nos asseverou que se a nossa mão ou os nossos olhos fossem motivos de escândalo deveriam ser cortados ao penetrarmos no templo da vida. Compete-nos transferir a imagem literal para a interpretação simples do espírito. Se já falimos muitas vezes em experiências da autoridade, da riqueza, da beleza física, da inteligência, não seria lógico receber idêntica oportunidade nos trabalhos retificadores.
        É para a regulamentação de semelhantes serviços que funciona em nossa colônia espiritual, por exemplo, o planejamento de reencarnações, onde você terá ocasião de recolher ensinamentos preciosos.
        E, atendendo-me às necessidades como pai afetuoso, apresentou-me o instrutor, no dia imediato, à imponente instituição.
        Constituía-se o movimentado centro de serviço de vários prédios e numerosas instalações. Árvores acolhedoras enfileiravam-se através de extensos jardins, imprimindo encantador aspecto à paisagem. Reconheci logo que o instituto se caracterizava por grande movimento. Entidades insuladas ou em pequenos grupos iam e vinham, estampando atencioso interesse na expressão fisionômica. Pareciam sumamente despreocupadas de nossa presença ali, porque, quando não passavam sozinhas, ao nosso lado, engolfadas em profundos pensamentos, iam em grupos afetuosos, alimentando discretas conversações, muito graves e absorventes, ao que me parecia. Muitos desses irmãos, que passavam junto de nós, empunhavam reduzidos rolos de substância semelhante ao pergaminho terrestre, relativamente aos quais não possuía eu, até então, a mais leve notícia.
        Alexandre, porém, como sempre, veio em socorro de minha estranheza, explicando, bondosamente:
        — As entidades sob nossos olhos são trabalhadores de nossa_esfera, interessados em reencarnações próximas. Nem todos estão diretamente ligados a semelhante propósito, porque grande parte está em trabalho de intercessão, obtendo favores dessa natureza para amigos íntimos. Os rolos brancos que conduzem são pequenos mapas de formas orgânicas, elaborados por orientadores de nosso plano, especializados em conhecimentos biológicos da existência terrena. Conforme o grau de adiantamento do futuro reencarnante e de acordo com o serviço que lhe é designado no corpo_carnal, é necessário estabelecer planos adequados aos fins essenciais.
[16a - página 146]  - André Luiz

Texto ditado pelo Espírito Humberto de Campos, psicografado pelo médium Chico Xavier.

Enquanto as empresas de turismo organizam na Terra os grandes cruzeiros intercontinentais, realizando um dos mais belos esforços de socialização do século XX, no mundo dos Espíritos organizam-se caravanas de fraternidade, nos planos do intermúndio.
        Enquanto os astrônomos europeus e americanos examinam, cuidadosamente, os seus telescópios, para a contemplação da paisagem de Marte, à distância, de quase trinta e sete milhões de milhas, preparando as lentes poderosas de seus instrumentos de óptica, fomos felicitados com uma passagem gratuita ao nosso admirável vizinho do Sistema_Solar, cujo percurso, nas adjacências do orbe, vem empolgando igualmente os núcleos de seres invisíveis, localizados nas regiões mais próximas da Terra.
        Depois de alguns segundos, chegávamos ao termo de nossa viagem vertiginosa.
        Dentro da atmosfera marciana, experimentamos uma extraordinária sensação de leveza... Ao longe, divisei cidades fantásticas pela sua beleza inaudita, cujos edifícios, de algum modo, me recordavam a Torre Eiffel ou os mais ousados arranhacéus de Nova York. Máquinas possantes, como se fossem sustidas por novos elementos semelhantes ao “Hélium”, balouçavam-se, ao pé das nuvens, apresentando um vasto sentido de estabilidade e de harmonia, entre as forças aéreas.
        Aos meus olhos, desenhavam-se panoramas que o meu Espírito imaginara apenas para os mundos ideais da mitologia grega, com os seus paraísos cariciosos.
        Aturdido, interpelei o chefe da nossa caravana, que se conservava silencioso: “Se a Terra julga a influência de Marte como profundamente belicosa, como poderemos conciliar a definição dos astrólogos com os espetáculos que estamos presenciando?“
        — “E porventura — respondeu-me o excelente mentor espiritual — chegaste a conhecer no planeta terrestre um homem ou uma idéia, que retirasse a humanidade de sua rotina, sem sofrimento e sem guerra?  Para o nosso mundo, Marte é um irmão mais velho e mais experimentado na vida. Sua atuação no campo magnético de nossas energias cósmicas visam a auxiliar os homens terrenos para que possam despir os seus envoltórios de separatividade e de egoísmo.”
        Mas, nesse instante, havíamos chegado a um belo cômoro atapetado de verdura florida.
        Ante os meus olhos atônitos, rasgavam-se avenidas extensas e amplas, onde as construções eram fundamente análogas às da Terra.
        Tive então ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cuja organização física difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos as nossas experiências terrestres
  • Notei, igualmente, que os homens de Marte não apresentam as expressões psicológicas de inquietação em que se mergulham os nossos irmãos das grandes metrópoles terrenas. 
  • Uma aura de profunda tranquilidade os envolve.
        É que, esclareceu o mentor que nos acompanhava, os marcianos já solucionaram os problemas do meio e já passaram pelas experimentações da vida animal, em suas fases mais grosseiras. Não conhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo social seria, entre eles, um acontecimento inacreditável. Evolveram sem as expiações coletivas, amarguradas e terríveis, com que são atormentados os povos insubmissos da Terra. As pátrias, ali, não recebem o tributo do sangue ou da morte de seus filhos, mas são departamentos econômicos e órgãos educativos, administrados por instituições justas e sábias.
        Era tempo, contudo, de observarmos a cidade com as suas disposições interessantes.
        O leitor não poderá dispensar o nome dessa cidade prodigiosa, e à falta de termos comparativos, chamemos-lhe Marciópolis.
        Orientados pelo amigo que nos dirigia a singular excursão, atingimos extensa praça, onde se erguia um templo maravilhoso pela sua imponência, tocada de majestosa simplicidade, e onde, ao que fomos informados, se haviam reunido todos os credos religiosos.
        De uma de suas eminências, vimos o nosso Sol, bastante diferenciado, entornando na paisagem as tintas do crepúsculo.
        A vegetação de Marte, educada em parques gigantescos, sofria grandes modificações, em comparação com a da Terra. É de um colorido mais interessante e mais belo, apresentando uma expressão de tonalidade avermelhada em suas características gerais.
        Na atmosfera, ao longe, vagavam nuvens imensas, levemente azuladas, que nos reclamaram a atenção, explicando-nos o mentor da caravana fraterna que se tratava de espessas aglomerações de vapor d'agua, criadas por máquinas poderosas da ciência marciana, a fim de que sejam supridas as deficiências do líquido nas regiões mais pobres e mais afastadas do largo sistema de canais, que ali coloca os grandes oceanos polares em contínua comunicação, uns com os outros.
        Tais providências, explica o Espírito superior e benevolente, destinam-se a proteger a vida dos reinos mais fracos da natureza planetária; porque, em Marte, o problema da alimentação essencial, através das forças atmosféricas, já foi resolvido, sendo dispensável aos seus habitantes felizes a ingestão das vísceras cadavéricas dos seus irmãos inferiores, como acontece na Terra, superlotada de frigoríficos e de matadouros.
        Todavia, ao apagar das luzes diurnas, o grande templo de Marciópolis enchia-se de povo. Observei que a nossa presença espiritual não era percebida, dai podermos examinar a multidão, à vontade, em seus mínimos movimentos.
        Todos os grandes centros deste planeta, esclareceu o nosso amigo e mentor espiritual, sentem-se incomodados pelas influências nocivas da Terra, o único orbe de aura infeliz, nas suas vizinhanças mais próximas, e, desde muitos anos, enviam mensagens ao globo terráqueo, através das ondas luminosas, as quais se confundem com os raios_cósmicos, cuja presença, no mundo, é registrada pela generalidade dos aparelhos radiofônicos.
        Ainda há pouco tempo, o Instituto de Tecnologia da Califórnia inaugurou um vasto período de experimentações, para averiguar a procedência dessas mensagens, misteriosas para o homem da Terra, anotadas com mais violência pelos balões estratosféricos, conforme as demonstrações obtidas pelo Dr. Robert Millikan, nas suas experiências científicas. (Ver: misteriosa explosão)
        A palestra esclarecedora seguia o seu curso interessante, mas os movimentos na praça acentuavam-se, sobremaneira.
        No horizonte, surgia uma grande estrela de luz avermelhada, enquanto os dois satélites marciáticos resplandeciam.
        Todos os olhares fitavam o céu, ansiosamente.
        Aquela estrela era a Terra.
        Uma comissão de cientistas iniciou, da tribuna maior do santuário, uma vasta série de estudos sobre o nosso mundo distante. Aparelhos luminosos foram afixados, na praça pública, ao passo que presenciávamos a exibição de mapas quase irrepreensíveis dos nossos continentes e dos nossos mares.  Teorias notáveis com respeito à situação espiritual do planeta terrestre foram expendidas, entendendo-se perfeitamente as idéias dos estudiosos que as expunham, através da linguagem universal do pensamento.
        A Terra enviava-nos a sua claridade, em reflexos trêmulos e tristes. Observamos, então, que os marcianos haviam colocado em seu templo poderosos telescópios.
        Enquanto os melhores aparelhos da América possuem um diâmetro de duzentas polegadas, com a possibilidade de aumentar a imagem de Marte doze mil vezes, a astronomia marciana pode contemplar e estudar a Terra, aumentando-lhe a imagem mais de cem mil vezes, chegando ao extremo de examinar as vibrações de ordem psíquica, na sua atmosfera.
        A nossa grande surpresa não parou ai, entre os mais avançados aspectos de evolução e de cultura.
        Enquanto a luz avermelhada da Terra tocava a nossa visão espiritual, víamos que todas as multidões do templo se haviam aquietado, de leve... A Ciência unida à Fé apresentava um dos espetáculos mais belos para o nosso espírito.
        Vimos, então, que ao influxo poderoso daquelas mentes irmanadas no mesmo nível evolutivo, pela sabedoria e pelo sentimento, formara-se sobre o santuário uma estrada luminosa, em cujos reflexos descera do Alto um mensageiro celeste.
          Recebido com as intensas vibrações de júbilo divino e silencioso, a figura, quase angélica, começou a falar, depois de uma prece comovedora:
        — “Irmãos, ainda é inútil toda tentativa de comunicação com a Terra rebelde e incompreensível!  Debalde os astrônomos terrenos vos procuram ansiosos, nos abismos do Infinito!
        Seus telescópios estão frios, suas máquinas, geladas. Faltam-lhes os ardores divinos da intuição sublime e pura, com as vibrações da que os levariam da ciência_transitória à sabedoria imortal.  Fatigados na impenitência que lhes caracteriza as atividades inquietas e angustiosas, os homens terrestres precisam de iluminação pelo amor, a fim de que se afastem do círculo vicioso da destruição, na tecnocracia da guerra.
        Irmãos, contemplemos a Terra e peçamos ao Senhor do Universo que as_modificações,_precisas_ao_seu_aperfeiçoamento, sejam menos dolorosas ao coração de suas coletividades! Oremos pelos nossos companheiros, iludidos nas expressões animais de uma vida inferior, de modo que a luz se faça em seus corações e em suas consciências, possibilitando as vibrações recíprocas de simpatia e comunicação, entre os dois mundos!...”
        A multidão ouvia-lhe a palavra, atenta e comovida, e nós lhe escutávamos a exortação profunda, como se fôramos convocados, de longe, pela harmonia mágica da lira de Orfeu, quando o nosso mentor espiritual nos acorda, do êxtase, a nos bater levemente nos ombros, chamando-nos ao regresso.
        Em todos os lugares, há os que mandam, e vivem os que obedecem. Na categoria dos últimos, voltamos às esferas_espirituais da Terra, como o homem ignorante que fizesse um vôo, sem escalas, através do mundo, confundido e deslumbrado, embora não lhe seja possível definir o mais leve traço de seu espantoso caminho.
[76 - página 57] - 25 de Julho de 1939